15 de mar. de 2016

"Paciência excede sapiência"

Todo mundo almeja ter alguém do lado, a sociedade nos impõe ideologias no qual todos se sentem obrigados a segui-las de maneira ímpar. Nasça, cresça, estude, gradue-se, arrume um bom emprego, tenha um parceiro, case-se, tenha filhos e FIM. 
Em um mundo onde ditam tantas regras de socialização, não segui-las torna-se você um “pobre coitado”, ainda mais se esse “pobre coitado” for do sexo feminino. “Faça isso, comporte-se assim, não diga isso, jamais se vista daquela maneira e etc.” Eu me vejo nesse mundo corriqueiro e inadequado onde pessoas gastam a maior parte do tempo trabalhando seus corpos consciente e inconscientemente em busca da perfeição, nada mais e nada menos para atrair sexo. Enquanto eu estou aqui junto com minha ingenuidade de uma sonhadora, sempre perdida em tantos pensamentos soltos, só tentando entender o sentido da vida e claro tentando me enquadrar num perfil onde eu também tenha um lugarzinho ao lado de alguém. Alguém que me desperte o sorriso mais sincero, alguém que me faça querer sempre apreciar o melhor de mim.  As vezes nessa busca incessante e ilusória de que talvez exista esse alguém ideal, acabo me deixando camuflar pela carência, ofuscando minha consciência e assim permitindo-me a perder-me em desleais expectativas.
A expectativa (em tudo que se enquadra), ela sempre será desleal a você, pois expectativas geram frustrações. Frustração aquela no qual você imaginava que havia reciprocidade de desejos, vontades e um pouquinho de sentimento. Por que não? A carência nos limita, e faz com a gente se perca mais e mais. Depois de algumas decepções,(algumas desastrosas, outras bizarras, umas até cômicas) mas a mais recente foi mais ácida. Ácida porque corroeu um pouco do amor próprio e me envergonhou pela minha atitude carente em pensar que havia sintonia. Enfim, concluí que a vida tem dessas, ora você está bem, ora você está mal, ora você não compreende sinais e tampouco se interessa em compreende-los; Um dia você deixa de sentir e no outro confunde todos os pensamentos e os desejos mais assombrosos te atormentam. A lição que tiro de toda essa confusão impulsiva interna é que para se ter sapiência é necessário ter paciência.- Justo eu, a pessoa mais impaciente do mundo.- A paciência te faz seguir, seguir de pensamentos intranquilos (sempre), mas com atitudes novas e menos impulsivas. Quanto mais conhecimento você adquire na vida, mais paciente e confiante você passa a ser. Depois de tudo, logo, a carência foi embora e a minha porta o amor próprio ressurgiu, me trazendo conforto e uma deliciosa plenitude de que sempre dei o melhor de mim e que sim, tudo é válido nessa vida. Tudo é aprendizado, portanto, não desista jamais de você mesmo e lembre-se, tenha paciência.  


4 de mar. de 2016

SORRIA É SEXTA-FEIRA



Sexta – feira, inúmeras comemorações através das redes sociais. É o dia da semana mais “esperado” pelas pessoas (pelo menos é o que elas fazem questão de expor). Fim de expediente, todo mundo feliz porque finalmente chegou o final de semana: dia de encontrar os amigos, tomar aquela gelada, por a roupa nova, e pegar uma baladinha ultra descolada e postar fotos e vídeos para auto afirmar a felicidade instantânea e aparente. As redes sociais viram um cenário de competição de quem está se divertindo mais ou de quem está mais feliz.
Bateu ansiedade. Toda essa euforia dos “amigos” facebookianos contagiou e eu me pego numa vontade tremenda de sair também e buscar essa tal felicidade tão almejada que as pessoas fazem questão de exibir. Pego o telefone, ociosamente passo meus contatos, todos lindos, felizes e ao mesmo tempo indisponíveis pra mim. Sinto-me sozinha. Amigos de verdade estão a km de distancia, outros também verdadeiros estão com seu tempo ocupado com suas particularidades. Não tem nenhum amor em vista pra mim, ninguém me chamando para dar um role ou tomar aquela gelada de sexta-feira como de praxe.
Bateu solidão. Por um momento parei tudo o que estava fazendo e senti um vazio enorme no peito. Uma angústia e tristeza por não ter ninguém para dividir um momento prazeroso comigo em plena sexta-feira. Mas aí é que ta o ponto máximo dessa questão. Logo veio o pensamento otimista, a voz interior, a minha voz. Eu finalmente, depois de anos, consegui me escutar, e perceber que eu ainda estava em mim, viva, alegre e fulgaz, louca pra fazer companhia pra mim mesma nessa linda e espetacular sexta-feira.
Ouvi-me. Ao mesmo tempo em que me ouvi eu me recordei do quanto gosto de estar comigo, de fazer coisas comigo, de comer comigo, de beber comigo, de ir ao cinema comigo, sem medos, sem receios, sem vergonha alguma de estar em qualquer lugar em minha própria companhia. Resolvi passar no supermercado, comprei as coisas mais gostosas de comer, aluguei vários filmes que estavam na minha lista de espera a muito tempo (devido a minha falta de tempo para mim), cheguei em casa e tomei o melhor banho, preparei a pipoca e coloquei meus filmes favoritos. Minha sexta-feira foi assim, ou melhor, está sendo assim.

Os sentimentos tristes sumiram como um passo de mágica e com eles a solidão também foi embora, pois pude sentir a imensidão de mim que existe aqui dentro. Quando estamos bem com nós mesmos, a gente se basta não dando espaço para se sentir sozinho.

1 de mar. de 2016

Amor em tempos de tinder



Nesta semana aconteceram fatos totalmente inusitados se tratando de pessoas, principalmente do sexo oposto. Ando extremamente cansada dessa superficialidade toda. Atualmente vivemos na era das relações fast-food. Conhecer pessoas tornou-se tão fácil que nem nos preocupamos mais em cultivarmos relacionamentos verdadeiros.

Segundo Zygmunt Bauman vivemos em tempos de amores líquidos. Os relacionamentos estão cada vez mais superficiais devido á facilidade de comunicação e disponibilidade que a tecnologia nos proporciona, tornando-os insignificantes. As pessoas perderam o hábito de se apaixonarem, perderam a mão da conquista. Enviar um e-mail tornou-se algo obsoleto, ligação virou prova de amor. O frio na barriga, os gestos mais singelos de conquista se perderam junto com tantas outras coisas mínimas e essenciais que agora estão esquecidas. 

As pessoas não sabem ouvir, não estão dispostas a conversar, dialogar, se expressar, entender.. resolver. É mais fácil colocar um fim, trocar de pessoa, se perder no próximo match e seguir em frente banalizando tudo o que já foi construído. A oferta é grande. Não há mais tempo a perder, não existe mais a paciência, dedicação e disposição para conhecer o outro verdadeiramente. Afinal tudo já está exposto demais.

Olhares não se encontram mais, pois estão ocupados em demasia olhando para o celular com seus inumeros aplicativos para ajudar a fazer coisas que ninguém deveria nos ensinar, como conhecer pessoas, por exemplo.