28 de set. de 2016

A vida é um eterno recomeço

Dias difíceis. Crise depressiva, sem tratamento, sem motivação ou até mesmo força de vontade. Como sair desse lamaçal e finalmente dar o primeiro passo ao ponto de partida para o sucesso?
Na crise profunda de desespero só consigo me manter quieta num quarto escuro sob cobertas quentes e confortáveis. Minha mente grita escandalosamente, brigo comigo mesma para que esse corpo quimicamente alterado que faz ter essa doença reaja ás minhas vontades e expectativas.
Me sinto como um pássaro contra a vidraça, tentando escapar da minha própria armadilha criada involuntariamente. Acordo tarde aos gritos revoltados de minha mãe, julgamentos insistentes de que tudo não passa de uma preguiça ou até vagabundagem.
Se eu pudesse mostrar como é a visão e o sentimento do lado de cá, talvez ela entenderia minha inercia. Deixo tudo pra lá como de costume, procuro me aventurar em noites vazias com pessoas que de certa forma trazem alívios momentâneos com carinho superficial e aquela crença de que tudo é real.
Mais um dia amanhece, e sei que preciso começar a colocar ordem na minha vida novamente. Como se eu vivesse em jogo onde cada vez que eu perdia eu teria que recomeçar do 0 e enfrentar aquela fase difícil mais uma vez até conseguir vence-la. Talvez a vida seja assim mesmo, uma constante de perdas e ganhos, de finais e recomeços. Sinto que ontem dei meu primeiro passo para a reforma íntima. Por mais doloroso e pesado que seja esses dias deprimidos eu sei que não estou sozinha e sei que vou conseguir vencer essa etapa.
Setembro amarelo está chegando ao fim, logo vem outubro, novembro e dezembro com suas cores e metas definidas. Não me condeno por ter me perdido, pelo contrário, me compreendo, me abraço e me amo muito e digo a mim mesma que isso tudo já está passando e juntas (eu e eu) vamos conseguir ultrapassar essa barreira chamada depressão.

Hoje o dia amanheceu lindo, mesmo tendo acordado mais uma vez aos berros de quem não me entende, acordei com um otimismo no rosto e com um pouco mais de ânimo para levantar e enfrentar mais um leão por dia. Afinal, a vida é um eterno recomeço.


22 de set. de 2016

Batalha sentimental, falando sobre depressão.


Demasiadamente triste acordo com um peso enorme sobre mim. Tudo dói, dilacera o corpo, olho em volta e tudo é cinza. Levanto, vou ao banheiro e vejo uma imagem ao espelho: não me reconheço. Cabelos bagunçados, olheiras, cansaço. Volto a deitar.  Sinto um conforto e uma segurança enorme aqui deitadinha no meu canto coberta por edredom, no escuro e no silêncio.

Não quero filmes, não quero whatsapp, não quero ligação, não quero ver ninguém. Dormir é o melhor remédio. O mundo nos meus sonhos é mais interessante e lá eu não sinto esse torpor todo. Confundo essa tristeza com gripe, resfriado e cólica. Tomo 1, 2, 3 até 4 comprimidos para ver se isso tudo passa e amanhã eu possa acordar melhor. Já se foram 24hr enclausurada na cama. A dor não passou, a angustia também não, só aí que você se dá conta que a dor vem lá da alma. De hora em hora seus pais vem ver você, estão preocupados, os amigos ligam e perguntam a todo momento como você está, e por vergonha, por orgulho, você inventa qualquer desculpa que  engane e finge que está tudo bem.

O fundo do poço é grande demais, fundo demais, escuro demais. Agora percebo que “ela” chegou e está passando tempo demais aqui comigo. Li certa vez que a depressão foi ilustrada como um cachorro preto. Muita gente tem esse cachorro preto, porém silenciosamente ele aparece e passa a nos acompanhar e de um dia para o outro tudo perde o sentido. Não há exatamente nada que nos motive, que nos anime, nos dê força para levantar da cama.

A presença deste “cachorro” nos esgota e nos sufoca, a angústia nos invade e as circunstâncias nos vencem.

Sei o quanto é chatíssimo conviver com um deprimido. Por isso o isolamento é sempre uma melhor alternativa. Fazendo jus ao Setembro amarelo, escrevo nessas linhas brancas e tortuosos relatos pessoais do meu cotidiano. Não é para que todas as atenções se voltem para mim, e sim que tenham consciência do quanto doloroso pode ser conviver desta forma.

Ter depressão não é algo bonito e romantizado. Quem vive o transtorno sabe o quão horrível é ver a vida passar enquanto ficamos de telespectadores da nossa própria história.

Gostaria de ajudar as pessoas, dizer pra elas ou para você que está lendo agora, que eu entendo você. Não temos receitas de “como vencer a depressão”. Ela simplesmente aparece e te domina. Te pega de surpresa pelos braços e pernas e NADA faz com que ela saia dali de perto.

Hoje estou aqui escrevendo, afim de assegurar aos deprimidos que vocês não estão sozinhos. A dor da alma é muito intensa e ás vezes os reflexos de pessoas de fora só pioram mais. Talvez eu esteja criando agora milimetricamente e cautelosamente maneiras sutis de sair de fininho da depressão. (Não custa tentar né).

Passo 1 – Se livre de tudo que te deixa triste. Fotos que traga lembranças, ambientes desagradáveis, pessoas chatas, pessoas negativas. Sabe aquele grupo do whatsapp onde só reclamam ou onde só semeiam falsidade? Saiam de todos AGORA MESMO.

Passo 2 – Faça elogios sinceros, compartilhe coisas bonitas, acredite: fazendo o bem ao próximo te faz se sentir uma pessoa querida e útil. Lembre-se: faça com o outro o que gostaria que fizesse com você. Mas faça de coração, sem esperar algo em troca.

Passo 3 – Tome bastante água, hidrate-se. Água é vida e fará com que você se sinta vivo(a).

Passo 4 – ouça uma música relaxante, música calma, serena que te faça imaginar coisas boas. (Eu particularmente ouço Yan Tiersen.)

Passo 5 – Abra a janela do quarto. Mesmo que doa muito, mesmo que isso exija uma força fora do normal, faça isso. Deixando o ar puro entrar fará com que as energias ruins de um deprimido saia com o vento.

Passo 6 – Escreva. Tenha um diário, um blog, ou um caderno de anotação. Coloque todo esse sentimento num papel. Isso fará com que você tire um peso enorme de dentro de você.

Passo 7 – Tome um banho quentinho, hidrate seu corpo, cuide-se com carinho. Só você é capaz de se entender, então é a primeira pessoa capaz de se amar. Você é maravilhosa (o) e sabe muito bem disso, mesmo que angustias a faça pensar o contrário.

Passo 8 – Sabe aqueles livrinhos de mensagem? (minutos de sabedoria) Abra-o e leia algo positivo.

Passo 9 – Agradeça. A gratidão tem uma força inigualável e muda toda a nossa energia.

Passo 10 – Faça uma oração. Mesmo que sinta um desejo enorme de relutar, ore, conversa com Deus. Seja sincera com ele. Ele vai te ouvir e vai ajudar você.

Quando comecei a escrever nem imaginava que fosse deixar um passo-a-passo para amenizar a depressão, porém espero do fundo do coração poder ajudar alguém com minhas palavras. Não sou especialista no caso, não sou profissional, mas sou uma doente que sofre de depressão. É difícil assumir isso, colocar a cara no mundo e assumir a doença. Porém minha intenção é somente ajudar, e mostrar para as pessoas que elas não estão sozinhas. Claro que se você sofre de qualquer transtorno psicológico recomendo que procure ajuda de um profissional.
 

14 de set. de 2016

A crise dos 20 e tantos anos

Navegando por mares remotos da internet, com minha ansiedade exacerbada achei um texto de um autor desconhecido no qual me identifiquei muito e consegui captar várias situações que eu e meus amigos estamos enfrentando nessa fase de “transição”. Sei que estou com um pé nos 20 e muitos e o outro pé nos 30 então por isso tomei a liberdade de fazer pequenas alterações no texto e no final deixarei o link do original disponível a quem se interessar ler.

Você passa a perceber que o seu círculo de amizade está cada vez menor e mais intenso ao contrário de antes, que tinha vários amigos e contatos superficiais prontos pra qualquer “rolê.”

Nota-se também que a cada dia que passa, encontrar os poucos e bons amigos fica cada vez mais difícil diante de tantas responsabilidades adquiridas com o tempo (idade) e sempre arrumamos um motivo para tomar aquela gelada como "desculpa" para conversar um pouco e colocar a novidades em dia. 
As baladas cheias já não tem mais graça e geralmente a disposição pra enfrentar multidões, gente bêbada, cantadas inúteis não são mais as mesmas. Agora preferimos aos bares e churrascos íntimos a baladas caras do ultimo momento.
Você também começa a enxergar as pessoas de uma maneira mais clara e vê que enquanto alguns são verdadeiros amigos, outros deixam de ser especiais e ter a mesma importância. Percebe também o quanto as pessoas podem ser egocêntricas e que talvez aqueles que você considerava tão próximos e tinha tanta consideração não são as melhores pessoas.
 Encara as coisas com mais intensidade e posso arriscar maturidade para certas situações. Chora com menos frequência porém sente mais a cada perda ou decepção. As pessoas te magoam e você se questiona a capacidade da maldade humana e fica cada vez mais forte com os erros e acertos. Parece que todos ao seu redor estão namorando, noivando, casando e alguns já tendo filhos, e isso assusta e muito!!

Você passa a ter opiniões mais fortes e coerentes, começa a se entender e se amar mais, torna-se decidido(a) sobre o que quer e o que não quer. Sabe que não precisa mais tolerar certas situações. Vê o que os outros estão fazendo e se encontra criticando e julgando um pouco mais que o normal, porque depois de certas experiências vividas você passa a adicionar coisas a sua lista do que é aceitável e do que não é. Ás vezes se sente maduro(a) e independente, outras se sente com medo e confuso (a). (...)Sair três vezes por final de semana lhe deixa esgotado e significa muito dinheiro para seu pequeno salário. Olha para o seu trabalho e, talvez, não esteja nem perto do que pensava que estaria fazendo. Ou, talvez, esteja procurando algum trabalho e pensa que tem que começar de baixo e isso lhe dá um pouco de medo.(...) 

Muitas das vezes tratamos de se obstinar ao passado, mas concluímos que o passado se distancia cada vez mais e não temos outra opção a não ser seguir em frente. Pensamos com mais frequência no futuro, planejamos, sonhamos e compramos coisas que antigamente não imaginaríamos poder comprar ou se chegaríamos a usar um dia.  
"(...) O que, talvez, você não se dê conta, é que todos que estamos lendo esse texto nos identificamos com ele. Todos nós que temos ‘vinte e tantos’ e gostaríamos de voltar aos 15-16 algumas vezes. Parece ser um lugar instável, um caminho de passagem, uma bagunça na cabeça…
Mas TODOS dizem que é a melhor época de nossas vidas e não temos que deixar de aproveitá-la por causa dos nossos medos… Dizem que esses tempos são o cimento do nosso futuro. Parece que foi ontem que tínhamos 16… Então, amanhã teremos 30?!?! Assim tão rápido?!?" (...)"
Como eu disse no início este texto foi retirado da internet e tomei a liberdade de fazer algumas alterações com minhas palavras. Deixarei o link do texto original aqui : A síndrome dos 20 e poucos anos

13 de set. de 2016

O grito de alerta

Não tenho PhD em saúde mental, não consigo nem concluir minha faculdade que está parada a meses. Mas sei bem o que é sentir na pele o desespero e a dor de lutar contra você mesma dia após dia. Há quem diga que é frescura, outros dizem que é falta de fé em Deus, ainda há aqueles que diz que é coisa de gente preguiçosa e vagabunda. A verdade é que tantas denominações não fazem a mínima diferença pra quem passa ou já passou pela mesma situação.
Confesso, já fiz parte da grande massa que julgava pessoas neste estado. Achava que era tudo tão simples de resolver, que a vida é linda e intensa demais pra se trancar num quarto escuro e chorar e chorar... “levanta daí menina, lava esse rosto, coloque a melhor roupa e vá dar uma volta na praia, vá visitar um asilo, ou qualquer outra pessoa que esteja passando por momentos mais desconfortáveis que o seu.” Mal sabia eu o que estava por vir. 
Tudo o que vemos de fora parece simples e fácil de resolver, até nos depararmos com aquela situação na nossa frente, como tema principal do nosso enredo. Não sei dizer onde e como tudo começou, só sei que de repente tudo ficou cinza, e não me questione motivos óbvios e lógicos para tal acontecimento, porque não saberia te responder. Ela veio e me pegou de jeito. Nos dias árduos e cinzentos, nada mais fazia sentido, eu me olhava no espelho e já não me reconhecia, ou será que nunca me conheci de verdade?
Sempre insatisfeita com o que via, insegura com tudo e todos, nada fazia sentido e nada despertava dentro de mim. A única forma de me sentir viva era me aventurar nas noites frias da cidade, mascarada de alegria e felicidade “contagiando” quem estivesse ao meu lado. A sociedade é cruel. O fraco e deprimido não tem vez. Então se quer fazer parte de um bom círculo de “amizades” vista a sua melhor roupa e faça o seu melhor show. As pessoas me adoravam, eu era a mais divertida, engraçada e animada dali. Contagiava a todos com o meu sorriso e isso fazia com que surgisse inúmeros convites para fazer parte das turmas. Ninguém tinha ideia do que acontecia no meu universo interior. A cada festa, a cada bebida, só acumulava mais sofrimento interno. A alegria estonteante tinha prazo de validade. Ela durava até o portão de casa. Dali pra dentro a armadura era arrancada e só me restava lágrimas e desespero.

Esses momentos perduraram por vários meses. E eu pensava que isso tudo era normal. Todo mundo tem seus momentos de tristeza certo? A minha tristeza me consumia por completo. Sonhos e planos já não fazia parte da minha realidade. Aos poucos fui descuidando da aparência, já que eu mal me conhecia verdadeiramente. Com isso a pouca auto-estima foi se esvaindo até que minhas máscaras e armaduras começaram a perder o efeito e me descobriram de verdade. Essa descoberta foi profissional. Eu trabalhava cercada de pessoas entendidas do assunto e uma mão foi estendida a mim. Fui diagnosticada com depressão severa. Eu estava num ponto crítico em que nada me fazia sentir viva. Nem as festas, nem os amigos, nem a família e nem os “falsos” amores. Eu vivia no modo automático e achava que tudo isso era extremamente normal.
Fui indicada a fazer terapia e etc. Porém meu próprio preconceito não me fazia acreditar que isso era verídico, achava que não precisava de nada disso, que logo logo essa fase iria passar. Entrei no estado de negação. Até perceber o mundo caindo ao meu redor. Bom, resumindo para que esse texto não se transforme em livro.
A depressão (falo com minhas palavras) mesmo que pareça só uma tristeza boba, ela é grave, é uma doença e se não tratada ela mata sim. Mas posso ousar a dizer uma coisa, ela não tem cura. A depressão vai conviver com você até o fim da sua vida, a diferença é como você lida com ela. Tenho meus dias bons, quando me cuido e me vigio constantemente. Mas tenho meus dias de queda, e sim estou “naqueles dias”. É setembro amarelo, tento passar boas mensagens para alertar as pessoas que convivem com pessoas tristes com tendências suicidas, mas um amigo me disse que meu setembro amarelo na verdade está se tornando um setembro cinza. Eu diria que grande parte dos meus meses se tornaram cinzas.  Não há culpado nesta história, não há motivos. As vezes em alguns casos tem algo que desencadeia tudo isso, no meu caso não. Ela simplesmente chega, te abraça e resolve ficar ali com você. Fui pega de surpresa, ela veio e ficou.
Como todo texto tem uma mensagem no final, não sei se meu intuito é deixar algo positivo ou um simples grito de alerta. Talvez um conselho pra quem convive com pessoas assim. Vivo cercada de pessoas incompreensivas, e no estado que me encontro não tenho disposição para lutar, para questionar ou para tentar fazer com que me entendam, me ame, e respeitem minha dor e meu momento. É eu por eu. Os dias se tornam pesados, dormir é mais seguro, ficar quieta no quarto escuro é mais seguro do que lá fora. Os dias vão passando e tudo vai se acumulando. Eu grito por dentro, brigo comigo mesma, tento me autopunir até perceber que essa luta não será (nunca foi) fácil. Não tem receita, não tem dicas e nem conselhos de “como sair dessa”. Cada um sabe do seu momento. O que eu desejo para você que está no mesmo momento que eu é força, e dizer para ter fé, fé em você mesma(o), que uma hora querendo ou não tudo isso vai passar e os momentos bons vão chegar. Para quem apenas convive com pessoas assim, tenha calma e paciência, e ao invés de bombardear de críticas e cobranças, dê amor, carinho, atenção e força. É o que nós precisamos.